quarta-feira, 24 de agosto de 2011

GLOBALIZAÇÃO, EMPRESA, PESSOAS

A globalização é um novo cenário na história da humanidade. É fruto do capitalismo em expansão. Esse fenômeno instalou-se no mundo sob a pregação ideológica de inevitabilidade.

Para Anthony Gidenns, a globalização pode ser definida como "a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a milhas de distância e vice-versa".

A globalização impôs modificações radicais, criando uma economia transnacional. No mercado financeiro global, o capital volátil dos investidores internacionais segue, com rapidez, as melhores perspectivas de lucro, ignorando fronteiras e limites.

A globalização traz a tona à necessidade de um novo posicionamento da empresa, que deve se antever a fatores econômicos e sociais. Vendo-se neste contexto a criação de parcerias para garantir a inserção nesse novo contexto, incrementou-se a busca pela competitividade das empresas. É propagada a necessidade de modernização das normas que regulam o trabalho. Este e outros aspectos despertam na empresa questionamentos vitais que fomentam a sua atuação:

  • Qual é o futuro da economia mundial da globalização?
  • Como enfrentar os desafios econômicos, sociais e como desenhar as estratégias necessárias?
  • Como criar uma estrutura e um ambiente adequado para a inovação?
  • Como fazer com que os nossos colaboradores dêem o melhor de si?
  • Como conquistar nossos clientes, e principalmente mantê-los?
  • Como manter motivados e competitivos os nossos colaboradores?
  • Qual é o conceito real do SER humano, como as empresas podem potencializar as suas possibilidades?



1.           QUAL É O LADO HUMANO DA EMPRESA?


Uma empresa é constituída de recursos, recursos materiais e recursos  humanos.

·         Como recursos materiais temos: matérias-primas, maquinas, procedimentos, tecnologias, produtos, serviços.



·         Como recursos humanos, temos: seus diretores, gerentes, supervisores, empregados, colaboradores ou trabalhadores, nomenclatura esta a ser definida pela empresa enfim temos as pessoas que compõem, que definem as estratégias, que lideram, que executam as mais diversas atividades: seres humanos.

Um dos maiores desafios da empresa é organizar o esforço humano para alcançar seus objetivos. Despertar o potencial presente em seus colaboradores.

É estratégico a empresa propor um enfoque mais sensível aos valores humanos, para conseguir o autocontrole, para que os colaboradores assumam suas responsabilidades mediante um código ético consciente e positivo.

Segundo McGregor autor da teoria "y", que se contrapõe à teoria "x". Entendia por teoria "x" a obtenção de resultados simplesmente por um exercício firme da autoridade e do controle. A teoria "y", ao contrário, propiciava a criação de condições favoráveis que propiciem aos membros da empresa alcançar melhores suas próprias metas, dirigindo seus esforços para o êxito da empresa.

Em outras palavras, reconhecendo os seres humanos – ao chamado fator humano – como alguém distinto e superior ao material e, portanto, com um potencial extraordinário.

2.           O QUE É SER HUMANO?


Na ordem natural das coisas o ser humano é um individuo dotado de razão, de vontade livre e com capacidade de receber e expressar afeto.

Na ordem sobrenatural, este foi um ser criado à imagem de Deus e com um destino eterno. Portanto o ser humano por ser criado a imagem e semelhança de Deus se faz uma pessoa digna e essa dignidade de pessoa humana o faz distinto e superior aos demais seres.

Por sua dignidade de pessoa humana, deve se respeitar a si mesmo, deve respeitar aos demais e exigir ser respeitado. E tudo isto lhe confere uma série de direitos que foram reconhecidos universalmente.

O homem é um ser individual e, por isso, busca primordialmente seu próprio bem. Porém, é também um ser social. Nasce, cresce se desenvolve e morre em sociedade, e necessita dela para sobreviver, progredir e se superar.

Deve ajudar-se a si mesmo, porém deve ajudar também ao grupo que, por sua vez, o ajudará. Não pode separar o individual e o social que carrega em si mesmo. Tem que ser ambas as coisas e harmonizá-las o melhor possível. As ideologias que insistem exclusivamente no individual ou no social do homem estão equivocadas.

O Homem é conjunto de escolhas da daquilo que se é.

3.           A MISSÃO DA EMPRESA?


Sua missão é contribuir para o pleno desenvolvimento da sociedade na qual se encontra, e ainda, contribuir para o pleno desenvolvimento de seus integrantes.

4.           RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA EM QUE CONSISTE?


Fala-se muito da Responsabilidade Social na empresa, para o qual se estabelecem até critérios normativos passiveis de reconhecimento por órgãos. Mas na prática o que é essa responsabilidade social na empresa? Podemos assim dizer que a responsabilidade social da empresa consiste em cumprir suas finalidades econômicas e sociais para servir aos homens de fora e aos homens de dentro da empresa e ambos estão estreitamente vinculados.

Hoje alguns processos entendem como responsabilidade social o apoio a projetos filantrópicos, esta observação pode ser acertada. Porém, isto não contribui com o essencial de sua responsabilidade social.

O essencial são as atitudes que as empresas devem ter para com seus colaboradores, clientes, parceiros e sociedade em que a cerca, atitudes estas: de respeito, de confiança, de serviço. A empresa deve ser identificada como pessoa moral que é, deve comportar-se como uma boa cidadã.

Com frase concisa e memorável, Peter Drucker disse que as empresas devem fazer bem as coisas ("do make") para poder fazer o bem ("do good").

5.           É POSSÍVEL UMA EMPRESA SER ALTAMENTE PRODUTIVA E PLENAMENTE HUMANA?


Um grande desafio das empresas é conciliar suas exigências econômicas com suas exigências sociais. Uma meta ambiciosa e de grande transcendência é que a empresa seja altamente produtiva: é seu dever de Estado como célula econômica básica da sociedade. E seja também plenamente humana, como uma das células sociais básicas da sociedade e que isso deva estar presente em toda a sua conduta com as distintas pessoas com as quais entra em contato em sua vida econômica.

Estas exigências de conciliar o produtivo com o humano é um desafio fundamental para os dirigentes de empresa e, em geral, para todos os que nela trabalham. São exigências muitas vezes opostas e sua conciliação requer não apenas a fria razão, mas a imaginação, a intuição e um profundo sentido humano de discernimento, serviço e ainda de afeto.

6.           A ÉTICA QUE DEVE REGER UMA EMPRESA?


O que foi dito anteriormente nos leva a que se planeje a necessidade de haver uma ética para a empresa, a necessidade de realizar suas atividades de acordo com princípios e valores morais.

A liberdade, atributo essencial do ser humano, é um dinamismo básico cuja força criadora dá lugar à empresa, como uma realidade social evidente.

A ética não é algo que deve reger apenas o âmbito pessoal, mas inclui necessariamente o social. Não é aceitável a contraposição entre uma liberdade individual, regida pela ética, e uma liberdade social no econômico, totalmente neutra.

E, não há dúvida que a liberdade, essa mola insubstituível para a ação empresarial, deve conciliar-se com a responsabilidade de ser utilizada para o bem dos homens, tanto os de dentro como os de fora da empresa.

O campo da economia é o do aproveitamento ótimo de recursos escassos. O campo da ética é o daquilo que se deve fazer para o bem do homem. Sempre existirá uma tensão entre o que se pode fazer – campo da economia – e o que se deve fazer – campo da ética -. O dever do dirigente de empresa é esforçar-se por aproximar o mais possível o que se deve fazer com o que se pode fazer.

7.           PRINCÍPIOS E VALORES DE UMA EMPRESA


Não é fácil definir os princípios e valores que devem reger a vida de uma empresa. Sem dúvida, há toda uma corrente em que estes princípios e valores se definam e, o mais possível, se tornem explícitos em ideários, decálogos, etc.

O problema é que, muitas vezes, estes ideários são simples expressões de boa vontade, com poucas consequências práticas, e que são recebidos com ceticismo tanto dentro como fora da empresa.

A questão não é ter definidos esses princípios e valores, mas, sobretudo, que a alta direção e líderanças  em geral tenham a garra para cumpri-los e fazê-los cumprir. Entre outros princípios e valores, encontram-se a integridade moral dos dirigentes, a justiça nas transações, o trato com o pessoal, o respeito às leis, a honestidade, o trabalho em equipe, o sentido do lucro, os serviços ao cliente.

8.           A INTEGRIDADE MORAL COMO QUALIDADES D0 LÍDER?


Um dos temas-chaves da ética da empresa é, particularmente, o da integridade moral de seus LÍDERES, em todos os níveis.

A liderança requer seguidores e o ato de seguir é um ato de confiança e fé no líder, e essa fé pode ser gerada somente se os lideres agirem com corpo, com integridade, honestidade e responsabilidade. A liderança consiste na definição e comunicação de um percurso pré-estabelecido.

           

9.           FATOR HUMANO E TRABALHO, COMO POTENCIALIZÁ-LO?


Toda esta exposição se referiu à importância do ser humano para a empresa, tanto os que a integram como todas as pessoas com as quais, de um modo ou de outro, a empresa entra em contato. Sem dúvida, agora quero referir-me especialmente a esses homens e mulheres que constituem a força de trabalho da empresa, incluindo aqui desde o mais alto executivo até o operacional.

A saciedade que uma empresa vale está no que valem as pessoas que a integram e que, da qualidade e do desempenho, delas dependerão a qualidade e o desempenho da empresa. E, se esta força de trabalho é seu fator fundamental, se o esforço, o interesse e a atitude dos que trabalham na empresa são tão importantes, devemos batalhar para que tenham oportunidades de darem à empresa o melhor de si mesmos, tanto para seus objetivos pessoais, como para os da empresa.

Um grupo de trabalhadores havia realizado um trabalho verdadeiramente sobre-humano em favor de sua empresa X, e alguém observando aquele esforço sobre humano, perguntou-lhes porque haviam feito tudo aquilo pela empresa X. Um dos trabalhadores lhe respondeu: "Escute, amigo! Nós não trabalhamos pela empresa X; nós somos a empresa X."

Todas as técnicas de administração, a ergonomia, as relações humanas, as equipes autônomas, as sugestões, o enriquecimento do trabalho, a apropriação dos objetivos da empresa devem estar voltados a fazer com os colaboradores muito mais que vestirem a camisa, sonhem juntos, se sintam parte da empresa.

10.       "A ALMA" DA EMPRESA?


Todos os bens e todos os sistemas devem estar ao serviço do homem. A empresa é para o homem e não o homem para a empresa. Tudo isto deve conduzir a uma ordem social que esteja verdadeiramente à escuta do homem, verdadeiramente ao seu serviço: um mundo de convivência mais justo e mais humano.

É muito importante que a empresa, para cumprir com sua responsabilidade social e para que tenha esse sentido humano daquilo de que se falou, seja uma empresa com alma.

Que ela não seja uma simples máquina de produzir e de fazer dinheiro! Que os que a criaram e a administram tenham a vocação de fazer algo valioso, algo que transcenda as expectativas, algo de que possam se sentir orgulhosos!

A empresa com alma é aquela na qual seus diretores não apenas creem profundamente em sua filosofia, em seus valores e em seus objetivos, mas que os vivem e os expressam com entusiasmo em tudo aquilo que fazem. Líderes  que não guiam apenas com sua inteligência, mas também com seu coração.

E este espírito, esta alma da empresa, é o que pode fazer dela não apenas um meio para que cada um ganhe a vida dignamente, mas também o lugar onde seja alguém, onde possa alcançar sua própria realização e ser feliz. E assim sim você terá o “Nós Equipe”.



Belo Horizonte, 25 de Julho de 2011

Por: Valdicéia Bouzada